quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Apenas sutil

Ao meu lado uma xícara. Do outro, um guardanapo.
Fiquei entre os dois, parada. Hora olhava pra um, hora olhava pro outro.
Ela, quietinha, mantinha uma postura elegantérrima. Ele não parecia se importar tanto com os modos e espreguiçava-se sobre a mesa.
Pelo menos estava dobrado, o que mostrava uma certa fineza.
Tudo em nome do respeito que tinha pela xícara. Não pelo convidado que sujaria a sua boca com o chá e depois o usaria para limpar-se.
Pelo visto não haveria convidados hoje. Apenas uma xícara posta, com pratinho e guardanapo. Depois chegou o resto.
Bule fumegante, açucareiro, um outro pratinho com alguns biscoitos.
Todos compondo a pequena mesa no centro do jardim.
Essa morosidade dos domingos sempre me deixa confortável.
Reflito o mundo todo de cabeça pra baixo e me sinto leve.
O chá de jasmim alivia o bule, aquece a xícara, e aromatiza o dia.
Merulho nos cristais do açucareiro, carrego o doce da vida e me afogo em água quente.
Rodopio, de ponta-cabeça. Duas batidinhas e retorno pro canto da mesa.
Ao lado da xícara e do guardanapo.
Esses domingos preguiçosos são deliciosos quando apreciados ao lado da graciosidade de uma xícara, da vadiagem do guardanapo,
do calor do chá, da doçura do açúcar e, claro, não deixando a humildade de lado, da sutileza de uma colher de chá.

3 comentários:

  1. Adorei esta mágica descrição de preguiçosos momentos dominicais!
    Cada dia que leio seus textos te admiro mais!

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  2. "Cada dia que leio seus textos te admiro mais!"

    Fato. Beijão, mocinha.

    Reis.

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  3. Vou parar de ler seus textos... Fico me achando analfabeta toda vez que venho aqui...

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