quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Relato de um sonho

Tinha um filme no meu sonho.
Uma câmera que captava cada gesto. Um palco, ao nível da platéia, onde uma peça de teatro era representada.
A câmera ficava posicionada e filmava todo o espetáculo, que posteriormente, se transformaria em um filme.
No meu sonho, era eu diretora e atriz principal. Protagonizava e intervia na cena a meu bel (des)prazer.
Vestida de mágico, adentrei o palco, usando uma cartola, um fraque e um bigode.
Contracenava com outro mágico, que usava os mesmos acessórios que eu.
Cada panorama no palco me enchia de prazer: Eu vivia um mágico, cheio de disfarces.
Cada olhar na câmera me preocupava. Era eu, além de diretora, fotógrafa.
Enquanto as falas iam saindo pela minha boca, cadenciadas pelo prazer do momento, fixei o olhar no meu companheiro de palco,
e me dei conta de que era qualquer pessoa que se parecia muito comigo.
Arrancou-me o bigode fajuto.
Corta. Vamos repetir.
Entro em cena, repito o diálogo e, no meio da interpretação:
Onde está o bigode da atriz? Ela entrou sem o bigode. Na primeira cena havia bigode. Vamos ter que repetir. Cadê a continuista?
Entro desesperada pela coxia, com todas as anotações do filme: Tem que colocar o bigode. Outro take.
Cadê a claquete? Vai você mesma.
Mas eu sou diretora de fotografia! Vá você...
Mas eu... Eu sou a diretora. Tsc.
Sequência 2, plano 6, take 2.
Largo a claquete no meio do caminho, corro, troco de roupa, coloco a cartola e o bigode.
A platéia parece feita figurantes. Todos fazendo comentários que em nada tinham a ver com a peça.
Começo a achar aquela peça esquisita. A história não se desenvolvia. Repetimos o mesmo plano incontáveis vezes.
Com bigode, sem bigode, com cartola, sem fraque, com claquete, sem continuista. Cadê a diretora de fotografia?
Foi dormir.
A platéia também já havia ido embora. Esbocei um sorriso.
Vamos refazer essa cena.
Entrei no palco com a câmera numa mão, a claquete debaixo do braço, o roteiro na outra mão. Vestida de fraque, cartola e bigode, recitei minhas falas:

- O que você achou da prosposta de Rasmussen?
- A garrafa centrífuga?
- Sim.
- O eixo vibrará demais para ser funcional, mas a idéia é inteligente. Acho que funcionaria com um suporte flexível que tivesse seu próprio eixo de rotação.

-Alguns anos antes, quando viu o exemplar da Annalen der Physik com seu primeiro artigo, ficou imitando um galo durante cinco minutos.-

- Estou progredindo.

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