segunda-feira, 21 de junho de 2010

Não há título

Ele fechou os olhos.
Ela abriu os braços.
Ele se escondeu.
Ela se olhou no espelho.
Ele trancou a porta.
Segunda pausa.
Ela abriu as pernas.
Ele se curvou.
Ela tomou os remédios.
Ele os jogou no lixo.
Ela ficou assustada.
Terceira pausa.
Ele fez um desenho.
Ela ficou confusa.
Ele chorou baixinho.
Ela tomou coragem.
Ele tomou uma decisão.
Quarta pausa.
Ela fez a barba.
Ele sentiu prazer.
Ela arrancou a roupa.
Ele teve dúvidas.
Ela teve dúvidas.
Quinta pausa.
Ele se viu.
Ela viu ele.
Ela se viu.
Ele viu ela.
Eles se viram.
Muitas pausas se fizeram.
Ela era ele.
Ele era ela.
Eles eram uma pessoa.
Uma pessoa só era ele e ela.

Um monte de gostos

Nossa! Foi muito engraçado! Foi muito engraçado mesmo!
Foi tão hilário... Que pensando bem agora já nem teve tanta graça.
Que coisa! Há um minuto atrás tinha sido bem engraçado mesmo, na minha cabeça.
Que desporpósito!
Há! Vai ver que foi por isso que foi tão divertido. Não teve intenção de ser risível.
Não, Não... Claro que teve. Foi uma piada. Toda piada tem a intenção de fazer rir. De divertir.
Sempre gostei de piadas. Mas nunca gostei de coisas que tem, a principio, uma intenção.
Meio paradoxal...
Acho que nunca gostei de piadas então.
Mas sempre gostei de rir. Porque todo mundo gosta de rir. Não existe uma pessoa na face da Terra que não goste de rir.
As pessoas que são mal-humoradas e dizem que não gostam de rir mentem.
Todo mundo mente.
Eu odeio mentira. Mas, às vezes, eu até que gosto delas, quando eu preciso.
Eu gosto e não gosto de um monte de coisas.
Talvez exista uma coisa que, independente de tudo, eu não goste sempre.
Talvez.
Morrer. Acho que eu não gosto nunca de morrer.
Eu odeio morrer no video-game e eu também odeio quando minhas margaridas morrem.
Eu odeio quando quando um bicho morre. A não ser o mosquito.
Mas aí também não fui eu que morri.
Mas também eu nunca morri de verdade.
Então não sei.
Existe uma coisa que eu gosto sempre, pelo menos: Rir.
Eu sempre gosto de rir.
Mesmo quando eu fico com falta de ar. Mesmo quando a barriga dói. Mesmo quando não pode.
Mesmo quando brigam comigo. Mesmo quando não teve graça...
A não ser quando eu fico com soluço.
Aí eu não gosto.
Eu gosto e não gosto de um monte de coisas.

domingo, 20 de junho de 2010

Três

Três pingos. Três incertezas. Três caminhos. Três tristezas.
Três incoerências. Três momentos. Três pontos. Três sofrimentos.
Três orações. Três medos. Três buscas. Três segredos.
Três verdades. Três mentiras. Três fios.

Uma trança.


Uma saída.


Uma esperança.


Uma.