acontece um embrulho dentro de mim. uma agonia suprimida.
vai se expandindo por dentro até que todo o resto fica comprimido.
o peito aperta um pouco - é o mais espremido - e fica sozinho.
sinto fome, mas não posso comer. sinto frio, mas falta o casaco pra me aquecer.
aí todo o interior fica melancólico. sussurra baixinho o que tá faltando e o resto do corpo grita essa falta.
os olhos entregam a ausência dos girassóis. ficam nublados. de um verde quase cinza.
os dedos tateando, perdidos, buscando um calor que não tem. ficam gelados, desorientados.
os pés tocam o chão, que também é frio. ficam com frio.
parece que o sol deu uma volta e esqueceu de voltar e as nuvens ficaram estáticas. pedregosas no céu.
deixam o dia branco e leitoso e o estômago fica com um buraco.
os lábios naufragos, suspirando, esperando.
o contorno foi ficando turvo, embaçado.
as mãos procurando outras mãos. não desistiram, apenas sossegaram.
uma hora o sol vem e esse embrulho dentro de mim se vai.
enquanto isso os olhos ficam anuviados. e os lábios esperançosos.
desacompanhar, às vezes, dói.
quando falta o casaco pra nos aquecer, é bom a gente procurar o calor de dentro. ficar esperando pelo calor do sol às vezes é perda de tempo.
ResponderExcluirinda mais porque o sol de dentro é bem mais quentinho.
ResponderExcluir